Carnaval é uma época em que vivencio e coleciono grande parte das histórias que vou contar nas rodas de amigos e conversas de boteco no decorrer do ano. Sempre foi assim, todo mundo tem uma boa história de carnaval pra contar e esse ano não foi diferente. Mais uma vez, tenho uma coleção de acontecimentos para: organizar, dar uma lapidada, talvez uma aumentadinha e acrescentar ao repertório de aventuras dos “amigos do Pablo”. Porém, esse foi o primeiro carnaval do “Soul do Bem” e fizemos juntos uma mini-tour, 4 shows em 3 dias de folia, suor, cansaço, cerveja, bolhas e muita diversão. Ou seja, boas histórias não vão faltar para as conversas de 2012.
Nosso primeiro show seria no sábado (18/02) às 14:00 horas na “República Maternidade” em Ouro Preto. Partimos de Congonhas às 10:00 da manhã, com nossa equipe técnica (Rafael Peroli e Phillipe Copaza) e nossas fiéis escudeiras (Gabi Cordeiro e Carol Lacerda). Chegamos na Maternidade, uma república com um espaço bem grande, e uma festa preparada pra mais ou menos 300 pessoas, com muita cerveja, um pessoal bem animado mas um grande problema: por algum mal-entendido não tinha nada de som e nenhum lugar adequado pra gente tocar. Resolvemos que tentaríamos usar o equipamento que havíamos levado, à princípio o nosso retorno, e testar pra ver se dava conta de fazer o show assim mesmo. Não ficou 100%, mas no peito e na raça fizemos o show, que na minha opinião, foi o mais animado da tour, apesar da limitação do som e da confusão que nos metemos por não ter palco. Tocamos literalmente no meio da galera, não havia nenhum limite entre banda e público e não parava de chegar gente, a ponto de em determinado momento quase não ter espaço para tocarmos.
Foi uma experiência bem interessante e após mais de 2 horas de show, aproveitamos um pouco a festa, conhecemos pessoas, fizemos contatos para divulgar a banda e curtimos nosso primeiro dia de carnaval, já pensando que no domingo, outra maratona estava à nossa espera. Dessa vez nosso compromisso era na “República Necrotério”, uma das mais tradicionais de Ouro Preto e responsável pela organização do “Bloco do Caixão”, uma oportunidade e tanto de mostrarmos nosso trabalho. O show estava marcado para as 17:00 horas do domingo (19/02) e com um certo receio de nos depararmos com uma situação semelhante a do dia anterior e não encontrarmos som, às 13:00 horas já estávamos no local.
Porém, dessa vez estava tudo no jeito, tinha som, tinha palco, tinha cerveja, gente bonita, sol e tudo conspirava para uma ótima apresentação. Antes do nosso show, outra banda se apresentou, não me lembro do nome, tocavam samba e pagode e aos poucos o público ia chegando. Terminaram pontualmente às 16:30, subimos ao palco, montamos nosso equipamento e passamos o som em tempo recorde. O Rafael e o Copaza fizeram um ótimo trabalho nesta tarde e em cerca de 20 minutos já estávamos no jeito para iniciar o show.
Nesta apresentação tudo conspirou para dar certo, o som estava ótimo, o clima igualmente, o povo animado e fizemos a melhor apresentação em se tratando de técnica. Todos executamos muito bem nossos instrumentos, sem erros, com bastante segurança e domínio da situação. Tivemos o público na mão durante toda a apresentação e nem o problema que tivemos com o bumbo da bateria no final do set tirou o brilho deste grande show.
Novamente, após o dever cumprido, aproveitamos a festa (e que festa!!!) rindo (ou não) das situações engraçadas (ou não) que cercaram o segundo dia do primeiro carnaval do Soul do Bem. Não esquecendo é claro, que na manhã seguinte teríamos de estar prontos para o dia que seria o mais “pancada” deste carnaval.
Na segunda-feira (20/02), duas apresentações nos esperavam. A primeira delas em Congonhas e novamente enfrentaríamos as curvas da Estrada Real. As 9:00 horas da manhã saímos de Ouro Preto, indo direto para o “Espaço Mineirinho”. Chegamos mais ou menos às 11:00 horas, e à base de gatorade e energético montamos os equipamento e passamos o som. Tive uma grande surpresa, pois este espaço tinha uma estrutura muito boa, tanto de som quanto de espaço físico, tudo muito arrumado e bem feito. Novamente deixamos tudo preparado para a apresentação e fomos almoçar. O corpo começava a dar sinais de que alguma coisa não estava totalmente certa, mesmo assim, às 13:30 subimos ao palco, enfrentando um calor de deserto e fizemos uma apresentação correta. Faltou um pouco de animação, pois o cansaço dos shows anteriores começou a bater, mas acredito que fizemos uma boa apresentação e tivemos uma boa receptividade dos foliões do bloco “Kai pra Dentro”. Após 1 hora e meia de música, finalizamos a apresentação e imediatamente iniciamos a preparação para a segunda parte da missão do dia, tendo um agravante a mais, a voz do Thitonho começou a dar sinais de stress e ainda teria que agüentar mais uma apresentação.
O próximo compromisso seria novamente em Ouro Preto, na república “Quitandinha”. Durante a manhã não conseguimos entrar em contato com o pessoal da república e não sabíamos ao certo o horário do show nem se conseguiríamos chegar de carro no local da apresentação, assim, resolvemos sair de Congonhas o mais cedo possível, e antes das 16:00 horas já estávamos na estrada novamente. Por volta das 17:30 chegamos na república e novamente encontramos uma estrutura bem legal, com som, palco, e tudo preparado para uma festa caprichada. Estava marcado para iniciarmos a apresentação às 00:00, assim passamos o som com paciência e sem correria e fomos até a república “Moranguinho”, tomar banho, comer e aproveitar para dar uma descansada.
Subimos para a “Quitandinha” às 23:00 horas e ficamos esperando para tocar, porém, já estávamos cientes que este seria o show do sacrifício, todos estávamos esgotados e a voz do Thitonho não estava nada bem. Fizemos uma apresentação curta, onde a estrela do batera Sérgio brilhou mais forte. Percebendo a dificuldade do Thitonho em cantar, chamou a responsabilidade e assumiu a voz principal. Foi legal perceber que, mesmo não conseguindo alcançar o nosso melhor, a banda funciona bem, fazendo a turma sambar ao som do bom e velho samba-rock.
Devido às condições adversas que enfrentamos nessa noite, conversamos com os organizadores do evento e negociamos uma nova apresentação para uma data a ser combinada e os caras foram muito atenciosos e compreensivos com o “Soul do Bem”. Assim, o que nos restava era aproveitar o restante da noite, que ficou marcada pelas tequileiras e pela filosofia e poética do Tianastácia: “Steinhaeger com cerveja, faz pirar!!” Ao final da noite, restava arrumar as malas, juntar o restinho que sobrou da gente e voltar pra Congonhas, pois na terça-feira (21/02) era aniversário do grande Rafael Peroli. Porém esta já é outra história!!! No final de toda essa maratona, percebemos que estamos no caminho certo. O Soul do Bem está crescendo e conseguindo conquistar público por onde passa. Nesse quase 1 ano que estamos juntos, passamos por muita coisa boa, aprendemos muito e estamos nos tornando aquilo que quase todo músico deseja para seu projeto, ser uma banda de estrada. Vamos que vamos que o show não pode parar! Se não tá fazendo nada, vem com o Soul do Bem!!