O Reflexo e o Ídolo. (Divagações sobre uma eleição.)

           Há menos de uma semana de mais uma eleição em nosso país, somos inundados com toneladas e toneladas de informações que não conhecemos a procedência, estatísticas que confrontadas indicam algum tipo de “inverdade” e propagandas que tentam nos dizer e provar a qualquer custo, qual o candidato mais competente e merecedor de nosso voto. Aqui, neste cantinho perdido no meio da web, espaço criado e destinado à divulgação do trabalho da banda “Sal da Terra” e em uma esfera mais global à discussão cultural e de assuntos pertinentes a este âmbito, me senti na obrigação de tocar no tema “eleição”, por mais chato, massante e desgastante que possa parecer.

           Não é segredo pra ninguém, fazendo até parte primordial da proposta de nossa banda, demonstrar nossas influências, conquistadas ao longo de nossa trajetória, musical em um primeiro momento e da vivência de cada um num aspecto mais amplo. Nesse sentido, gostos, crenças, e até mesmo ideologias (por mais brega que este termo possa parecer) se somam para criar um resultado chamado Identidade. A presença da musicalidade criada por Milton Nascimento e o Clube da Esquina se tornam traços marcantes nessa história, exercendo papel fundamental em nosso amadurecimento artístico/musical e em nosso crescimento como pessoa.

           Porém, mesmo reconhecendo nestes artistas (Milton, Lô, Flávio Venturini, Samuel Rosa...) esta inegável fonte de inspiração, aprendemos também, a partir dos mesmos princípios, forjar nossa própria personalidade, sendo este um outro traço fundamental de nossa proposta. Assim, conseguimos “filtrar” aquilo que consideramos bom (nesse caso específico, não estamos tratando de contribuição musical) e ponderar estes posicionamentos com aquilo que acreditamos.

          Em se tratando de eleição e sendo este um espaço democrático de discussão, queremos mostrar que o respeito artístico que temos por estas pessoas, não necessariamente se reflete a seus direcionamentos políticos, cabendo somente a cada um a decisão sobre o que fazer com o voto e em que candidato depositar suas esperanças. Pense, reflita, pense mais um pouquinho, escute propostas, discuta e resolva a partir de seus próprios princípios qual o melhor caminho a seguir.



O Espelho (Pablo Picasso)