... caminhando contra o vento,
sem lenço, sem documento...
Em diversos desses programas televisivos que contam e explicam as maravilhas do corpo-humano, nos são apresentados de forma minuciosa e cheios de detalhes e desenhos, os mistérios e curiosidades do maior músculo de nosso corpo - sim, ele é um músculo - chamado cérebro. Dentre inúmeras de suas funções, uma em especial me chama muito a atenção, e em diversas situações me leva a viagens a lugares conhecidos, porém perdidos em meio a tantos caminhos e preocupações cotidianas. É... estou falando da memória.
No último fim de semana, numa típica tarde de domingo, passeando os dedos pelos botões do controle remoto, me deparei com um programa especial sobre uma banda de Belo Horizonte chamada “Virna Lisi”, muito conhecida na cena independente na década de 90 e que por sempre ouvir falar do nome, me despertava interesse. Não conhecia nada de seu trabalho e após ouvir, percebi que não tinha perdido muita coisa. Mas uma música em especial ficou martelando minha cabeça. Aquelas palavras, de alguma forma, soavam de maneira muito familiar aos meus ouvidos e após forçar uma “viajem” por minha memória, lembrei de um Caetano Veloso, cabeludo e com uma sunguinha, proferindo tais palavras com um contagiante vigor: “...baratinada, quero essa mulher assim mesmo. Intoxicada, quero essa mulher assim mesmo...”
Partindo deste fato, comecei a pensar em como a obra de Caetano Veloso, e por que não dizer de todo o movimento tropicalista, em diversos momentos fizeram parte de minha vida, mesmo sem que eu procurasse por isso. Consigo lembrar perfeitamente, por exemplo, de meu pai assistindo a um documentário/show de “Os Doces Bárbaros”. Lembro de minha curiosidade e de meu fascínio sobre aquelas roupas esquisitas e coloridas e aqueles cabelos compridos e despenteados. O despertar do meu gosto pela musicalidade e pela poesia surgiu em grande parte desses momentos. Num outro caminho trilhado pela minha memória, lembro com detalhes do documentário/show “Circuladô Vivo”, intercalado com trechos de shows, entrevistas, ensaios. Fiquei fascinado pelo universo de uma banda e novamente guiado pelas músicas de Caetano, minha mente viajava entre este emaranhado de lembranças.
Num segundo momento, com algumas posições artístico-musicais definidas em minha cabeça, resolvi que não gostava do Caetano, achava ele um cara chato, pretensioso e com mania de vanguarda (que birra que tenho com esse termo!). Porém, mesmo não gostando, sua obra cismava em me perseguir. E assim as coisas foram caminhando: eu não gostando do Caetano, mas sempre escutando uma música aqui, lendo outra coisa ali. Acabei me acostumando. Com grande prazer e entusiasmo terminei a leitura de “Verdade Tropical” e apesar de continuar achando esse cara chato e pretensioso, dei meu braço a torcer e o reconheço como um dos maiores compositores de nosso país e um dos responsáveis pelo movimento estético-cultural mais importante e influente para a música brasileira.
Não entendo por que essa sua implicância com Caetano Veloso! Pelo pouco que conheço, não tenho nada a reclamar. E nem o que comentar. Rsrs...
ResponderExcluir;)