segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

desde que o samba é samba... (Parte I)

           Nas últimas semanas, uma série de circunstâncias me levou a querer estudar e me aprofundar na riqueza rítmica e melódica que se revela através da música brasileira. Buscando por material para que tal estudo fosse possível, cheguei à conclusão que o termo “música brasileira” se refere principalmente ao samba e suas diversas vertentes. Imediatamente após estas primeiras impressões, um turbilhão de questionamentos passou a povoar minha cabeça e ao longo dos próximos parágrafos vou tentar sistematizar algumas dessas impressões.

           Atualmente, relembrando meus tempos de historiador, estou lendo o livro “História Social do Jazz”, trabalho onde Eric Hobsbawm nos mostra de forma muito bem feita a trajetória deste estilo musical que em muito ultrapassa os “simples” limites musicais e se torna um marco na cultura e no estilo de ser do povo norte-americano. Meio que de forma inconsciente, ao longo dessa leitura, venho fazendo um paralelo com a história do samba, de como a mistura de influências (africana e européia) num determinado lugar, gerou determinada coisa.

           É inegável a legitimidade de nosso samba, podemos perceber claramente os anseios e angústias de seus principais personagens, gente simples, gente comum, que usava com maestria os mecanismos disponíveis à sua realidade. É notório também a “evolução” que aconteceu com o estilo. Como toda legítima manifestação, ele foi reflexo de seu tempo, acompanhando evoluções tecnológicas e estéticas. Nesse sentido, podemos pensar em instrumentos elétricos (guitarra, contra-baixo), pensar na evolução dos instrumentos de percussão e na inserção da bateria como a conhecemos hoje e principalmente na temática de suas letras, sempre acompanhando as manifestações sociais e servindo como registro de um tempo.

           Porém, estamos falando do Brasil, um país de proporções continentais e de uma riqueza e diversidade cultural que não podemos mensurar. Será que ao abordarmos o termo “música brasileira” podemos pensar no samba como o grande guardião e detentor deste pesado rótulo? Não estamos diminuindo ou menosprezando outras manifestações tão legítimas e representativas quanto o samba?

           Ao longo das próximas postagens pretendo apresentar alguns pontos de vista, algumas impressões e algumas conclusões que acho ter encontrado. Mas uma coisa posso adiantar, a música brasileira é muito maior do que podemos pensar!


Um comentário:

  1. Sendo nós brasileiros uma mistura de cultura, aproveitando o melhor de cada povo que aqui passou, é possivel 'rotular' a música brasileira?
    Acho que são tantas influencias e criações que 'música brasileira' é um rótulo-mãe sem igual.

    Abraços a todos, saudade de Conga!!! rs

    Peroli

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